quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

NEM ACHO TÃO DIFÍCIL ASSIM...

Pois é, nem acho tão difícil assim conseguir organizar a vida artística da cidade. Claro que há todo o trabalho de organizar ações, captação de recursos etc etc etc, mas o ponto de partida de tudo seria considerar o tripé: formação, produção, circulação. E as estruturas para isso já estão disponíveis na cidade, se bem que falta o planejamento estratégico para sua utilização.

Comecemos com a formação.

A cidade conta com  interessantes equipamentos e iniciativas de formação artística. São diversos cursos promovidos por igrejas, sindicatos e outras entidades civis, assim como existem projetos de instituições de maior porte que atuam conveniados com a secretaria de cultura da cidade, como o Núcleo Sebastian (dança) e o Projeto Guri (música). Além deles temos os cursos do Conservatório da FITO e os cursos de teatro do SESI-Osasco. Por fim, temos a Escola de Artes Cesar Antônio Salvi. Para começar, creio que a gestão pública poderia prestar serviços de apoio e incentivo às entidades civis, como curso de ampliação de formação e de capacitação aos seus educadores, promover mostras coletivas etc. Isso não apenas daria o merecido reconhecimento a essas entidades, como criaria uma enriquecedora rede de intercâmbio, além de "mostrar" as diversas regiões da cidade uma para as outras. Creio também que poderia haver ações mais pontuais para mostrar a produção artística realizada pelos projetos em parceria a cidade, bem como criar intercâmbio entre eles e os outros centros de formação, ou seja: SESI, Conservatório da FITO e Escola de Artes. Esse intercâmbio não pode se resumir apenas em convidar os seus responsáveis a participarem de eventos pontais da cidade, mas em criar uma rede de comunicação viva e permanente entre esses centros. promover troca de informações, formação conjunta de educadores, seminários etc etc etc.

Além disso, é fundamental que seja criado um centro de formação de produtores e realizadores artísticos. Infelizmente não contamos com um local sequer em Osasco que prepare artistas e outros interessados em exercerem a função de produtores. Temos uma massa imensa de jovens artistas que não conseguem preparar um projeto, participar de editais e outros processos. Também não conseguem organizar seus grupos de forma profissional, nem conseguem lidar com possíveis apoiadores e patrocinadores, e nem com o poder público. Muito menos estão preparados a lidar com o mercado e, sobretudo, com a possibilidade de organização de trabalho  tendo como perspectiva a economia solidária, nova modalidade de organização econômica que tem um forte impacto social e grandes implicações políticas, que pedem uma maior elaboração conceitual por parte do produtor artístico.

Em relação a Escola de Artes Cesar Antonio Salvi, é fundamental que ela receba um norteador pedagógico, visando colocar a prática artística  aprendida e realizada lá no contexto do que acontece no cenário artístico do estado de São Paulo e - porque não? - do Brasil. Tanto nas questões pedagógicas quanto nas estéticas não há nenhum diálogo entre o que ocorre lá e as principais referências artisticas do Brasil e do exterior. claro que há ótimos educadores lá, sobretudo, nos cursos de artes plásticas e de violão, mas não há articulação entre os cursos que possam projetar os aprendizes para o mundo das artes. Pelo menos para o mundo real das artes. Por isso, é fundamental e urgente que a Escola de Artes abra-se para o mundo, é preciso que aprenda com outras experiências, como a Escola Livre de Santo André, por exemplo. É preciso uma coordenação artístico/pedagógica competente para promover o desenvolvimento conceitual da Escola. Ela precisa de um planejamento político pedagógico (PPP), seus educadores de capacitação e seus funcionários de treinamento. É possível transformá-la num centro de excelência em formação artística em pouquíssimo tempo, dado que já conta com uma invejável estrutura, mas não é mais possível aceitar que a cada final de ano se formem lá centenas de aprendizes despreparados para atuar no mercado artístico/cultural.

Bem, talvez até seja difícil, mas certamente não é impossível.

A falta de observação sobre as questões de formação dos artístas da cidade, bem como sobre os problemas disso decorrentes leva a gravíssimos entraves na produção local, que acaba sendo amadorística e desrespeitadora das leis trabalhistas. Mas isso fica para o próximo post...

2 comentários:

Kaká disse...

Não é difícil, falta vontade da Secretária de Cultura.

Kaká disse...

Não é difícil, falta vontade da Secretaria de Cultura.