terça-feira, 21 de dezembro de 2010

NEM É TÃO DIFÍCIL ASSIM...parte III: circulação

Bem, nada adianta investirmos tempo pintando, ensaiando peças ou shows musicais, preparando vídeos ou sei lá o que, se não tivermos como tornar tais trabalhos acessíveis ao público. Infelizmente nossa cidade vive num paradoxo: contamos com muitos e bons equipamentos públicos, além daqueles de proriedade de instituições privadas ou do terceiro setor que poderiam ser ocupadas em parceria com com a secretaria de cultura. Mas, infelizmente, a falta de orientação, objetivo e sentido na atual gestão aparta os artistas de tais espaços. O resultado tem sido uma série de espetáculos comerciais que são tão vazios quanto caros no Teatro Municipal. O teatro da Escola de artes sub-utilizado e o grande Otelo com uma agenda confusa. E a situação se torna mais assustadora quando lembramos como é a dinâmica de ocupação de tais equipamentos: o artista sub-cidadão vai até o espaço no qual pretende se apresentar e pergunta ao responsável por ele se a data que lhe interessa está vaga (é estranho como essas vagas, quando em aberto, rapidamente se tornam ocupadas para alguns artistas "não amigos" da secretaria de cultura), e se estiver ele tem poucos dias para enviar um ofício à secretaria de cultura solicitando a bendita. Oras, cadê o edital?? Cadê a seleção criteriosa das atividades que ocupam nossos teatros??

Além disso, tem uma importante questão de fundo nesse assunto: tais equipamentos são públicos não somente porque são "propriedade" da prefeitura, mas porque precisam ter uma função pública. Precisam ter um planejamento, uma filosofia de ocupação. Hoja não passam de "espaços para serem alugados". O atual modelo de gestão desses equipamentos aqui em nossa cidade tem privilegiado seu uso privado, já que são "alugados" por produtores comerciais, que trazem espetáculos caros cujo valor de ingresso chega a ser exorbitante, ou então, espetáculos fechados para escolas, alguns deles de duvidosa qualidade artística ou pedagógica.A sercretaria de cultura virou um grande senhorio que aluga seus espaços. Na verdade se trata de uma tacanha e muito mal resolvida administração "neoliberal" de nossos espaços.

E mesmo os pouquissímos artistas de rua, apenas os que são "amigos" da secretaria recebem algum tipo de verba para a realização de seus trabalhos...

É, a coisa aqui tá difícil...

Um comentário:

Unknown disse...

Caro Cecchia, para que possamos colaborar com textos, matérias ou qualquer material é necessário que você nos indique para onde devemos enviar o material que se pretenda ver aqui publicado. Importante a preocupação aqui expressa, mas, como vc bem sabe, minha opinião não está focada no produto e sim nos fatores, desta maneira gostaria de externar esta posição em texto a ser publicado. Uma visão não contrária, mas diferente que certamente contribuirá para o debate em questão.
Abçs
Ricardo Barbosa