domingo, 28 de novembro de 2010

ESCUTAS PERTINENTES

A escuta é uma das capacidades mais nobres e significativas da espécie humana. Ser capaz de ouvir com sabedoria e prudência é uma arte. É preciso até mesmo saber ouvir o silêncio: o diretor teatral Peter Brook diz que se é possível perceber quando silêncios da platéia é provocado pela atenção constante à peça apresentada ou pelo mais profundo descaso e desinteresse pelo atores no palco. Infelizmente me parece que as autoridades que administram a cultura em Osasco têm ouvidos moucos para a realidade que nos cerca. Essa deficiência auditiva na nossa administração é lamentável, porque para promover e incentivar a cultura e a arte em Osasco é fundamental que tais gestores estabeleçam escutas pertinentes, ouvindo o que artistas, produtores e simpatizantes da arte têm a dizer. E nós temos muito a dizer. Queremos falar sobre a memória da cidade, sobre as manifestações de rua, queremos falar muito mais ainda - pelos cotovelos, joelhos e outras articulações mais - sobre a triste realidade de artistas e produtores, sejam eles amadores e profissionais que não conseguem trabalhar com dignidade e tranquilidade que qualquer trabalhador merece. E precisamos falar sobre as urgentes políticas públicas necessárias para a formação de novos artistas e produtores, bem como para a produção e a circulação de nossas obras, condição primeira para que tudo o mais seja resolvido.

Enfim, se nossas autoridades querem fazer de Osasco um polo regional cultural (espero que queiram), coisa para qual temos um imenso potencial, é preciso que atuem de forma mais eficiente e eficaz, com inteligência e planejamento, coisa que conseguirão apenas e tão somente quando conseguirem escutar o que a comunidade tem a dizer.

Aliás, a arte e a cultura só existem quando há escuta entre as pessoas...

sábado, 27 de novembro de 2010

E A SABEDORIA SOCIALISTA?

A tradição socialista, basada em muita reflexão e muita ação ao longo da história, trouxe uma sabedoria peculiar aos militantes de esquerda, em geral, e socilaistas, em particular. Os socialistas aprenderam, p ex, que a melhor gestão é aquela bem planejada, que visa o futuro, mas sabendo que ele se constrói passo a passo, e que o caminhar precisa sempre ser planejado, medido, organizado. Mas também aprenderam que o  verdadeiro caminho, aquele q vale a pena ser trilhado, só se justifica se for uma construção coletiva, popular, democrática. Por fim, entre tantas outras coisas, aprenderam os socialistas, que a cultura tem um papel fundamental na formulação e na construção de uma nova sociedade, mais justa e democrática. Então fica a pergunta que grita em meus ouvidos: que raios fazem os socialistas do PSB (Partido Socialista Brasileiro) na gestão da Secretaria de Cultura de Osasco? Oras, a cultura lá é tratada com o maior descaso, como perfumaria, vitrine quebrada e mal colada q tenta dar uma falsa idéia do que é de fato. Vive de sucessos alheios, como o Núcleo Sebastian, a presença do SESC em nossa cidade e do Projeto Guri. Que são sim importantes, mas não podem ser considerados como o resumo da política de governo de uma Secretaria de Cultura.
Cadê seus próprios projetos?
Cadê o respeito pelos artistas e pelo público?
Cadê o diálogo com a sociedade?
Aliás, tivemos em Osasco, por iniciativa do prefeito Emídio de Souza, um exemplo de diálogo com a sociedade bem realizado, que se constituiu no projeto Osasco 50 Anos e do qual tive o imenso prazer de participar em sua primeira fase, coordenando o eixo Identidade Cultural. Deste belo projeto resultaram demandas importantes, apontadas pela sociedade civil organizada. Está ali, no Osasco 50, a fonte primeira de um planejamento político para a cultura de Osasco, mas que, infelizmente, parece servir apenas para ocupar um lugar de destaque em minha memória.

Infelizmente, parece que o PSB, em Osasco, guardou sua sabedoria socialista em algum escaninho utilizado pela burocracia partidária, e nunca mais a encontrou. Mas espero que ainda contém com um outro importante legado da tradição socialista, a auto-crítica.