domingo, 28 de novembro de 2010

ESCUTAS PERTINENTES

A escuta é uma das capacidades mais nobres e significativas da espécie humana. Ser capaz de ouvir com sabedoria e prudência é uma arte. É preciso até mesmo saber ouvir o silêncio: o diretor teatral Peter Brook diz que se é possível perceber quando silêncios da platéia é provocado pela atenção constante à peça apresentada ou pelo mais profundo descaso e desinteresse pelo atores no palco. Infelizmente me parece que as autoridades que administram a cultura em Osasco têm ouvidos moucos para a realidade que nos cerca. Essa deficiência auditiva na nossa administração é lamentável, porque para promover e incentivar a cultura e a arte em Osasco é fundamental que tais gestores estabeleçam escutas pertinentes, ouvindo o que artistas, produtores e simpatizantes da arte têm a dizer. E nós temos muito a dizer. Queremos falar sobre a memória da cidade, sobre as manifestações de rua, queremos falar muito mais ainda - pelos cotovelos, joelhos e outras articulações mais - sobre a triste realidade de artistas e produtores, sejam eles amadores e profissionais que não conseguem trabalhar com dignidade e tranquilidade que qualquer trabalhador merece. E precisamos falar sobre as urgentes políticas públicas necessárias para a formação de novos artistas e produtores, bem como para a produção e a circulação de nossas obras, condição primeira para que tudo o mais seja resolvido.

Enfim, se nossas autoridades querem fazer de Osasco um polo regional cultural (espero que queiram), coisa para qual temos um imenso potencial, é preciso que atuem de forma mais eficiente e eficaz, com inteligência e planejamento, coisa que conseguirão apenas e tão somente quando conseguirem escutar o que a comunidade tem a dizer.

Aliás, a arte e a cultura só existem quando há escuta entre as pessoas...

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